segunda-feira, 25 de agosto de 2025

‘CARA SEM DENTE E AINDA NEGRO’: LULA É ACUSADO DE RACISMO APÓS CRÍTICA A FOTO EM PROPAGANDA DO GOVERNO

 Uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento realizado em Sorocaba, no interior paulista, ganhou repercussão nas redes sociais e no meio político ao ser considerada racista por diversos interlocutores. Durante a entrega de 400 unidades odontológicas móveis, o chefe do Executivo relatou sua insatisfação com uma imagem usada em uma revista do governo, a ser levada a um evento na Alemanha. Segundo Lula, a peça trazia a foto de “um senhor negro, alto, sorrindo sem nenhum dente na boca”, contrastando com uma mulher com “bochechas bem vermelhas, provavelmente filha de italiana ou alemã”.

 Relatando desconforto com a representação, o presidente afirmou ter questionado o então ministro do Desenvolvimento Agrário: “Isso é fotografia para representar o Brasil? Um cara sem dente e ainda negro. Você não acha que isso é preconceito?”. Lula ainda relatou ter ordenado: “Joga essa página fora e coloca uma foto de um cara com dente”. Ele também associou o episódio ao surgimento do programa Brasil Sorridente, lançado em 2004, voltado a levar atendimento odontológico para regiões carentes.

 A reação foi imediata. O vereador Rafael Satiê (PL-RJ), presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal do Rio, criticou a fala como “abertamente racista e discriminatória contra trabalhadores negros e humildes” e anunciou que irá protocolar uma moção de repúdio. O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) chegou a registrar uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente, alegando que Lula estaria alimentando preconceito contra seu próprio povo.

 Senadores e senadoras da oposição também entraram na discussão. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) qualificou a fala como “absurdamente racista” e afirmou que, se fosse outro presidente, já haveria exigências de esclarecimento em 24 horas. Por sua vez, Flávio Bolsonaro disse que "Lula não passa de uma fraude" e criticou o ocorrido.

 No campo governista, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu Lula, afirmando que sua fala foi descontextualizada e que fazia parte de uma crítica ao estigma histórico sobre a população negra. A nota oficial reforçava que o presidente denunciava o preconceito implícito na propaganda, não o reforçava.

 A repercussão segue intensa nas redes sociais, com posicionamentos divergentes entre setores que enxergam a fala como uma denúncia necessária ao estigma, enquanto outros a interpretam como manifestação discrimina tória.

Do: Blog Agreste Notícia

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