Morreu nesta terça-feira (21) no Recife, às 8h10, o forrozeiro Mestre Camarão. O instrumentista, compositor e acordeonista Reginaldo Alves Ferreira, de 74 anos, estava internado no Hospital Santa Joana desde a quinta-feira passada.
O filho dele, o também músico Salatiel D'Camarão, contou que o pai, que fazia hemodiálise há anos, havia sofrido uma infecção intestinal e foi hospitalizado para a realização de exames. Com problemas cardíacos, ele não teria resistido a uma queda de pressão e faleceu na manhã desta terça-feira, depois de o quadro de infecção ficar generalizado.
Mestre Camarão nasceu no povoado de Fazenda Velha, no município do Brejo da Madre de Deus, em Pernambuco, no dia 23 de junho de 1940. Ele era o último dos forrozeiros de Pernambuco que tinham o título de patrimônio vivo, ao lado de João Silva e Arlindo dos 8 Baixos, ambos falecidos no ano passado. O apelido veio no início da carreira artística, por meio de Jacinto Silva, apresentador de um programa da Rádio Difusora de Caruaru, ao qual o sanfoneiro chegou atrasado e com o rosto vermelho. "Chegou o camarão", teria dito o comunicador.
O sanfoneiro seria uma das atrações convidadas para a comemoração de um ano do museu Cais do Sertão, no Recife Antigo, no próximo domingo, 26 de abril, às 15h30. O grupo Bongar e atrações surpresas estarão na festa, em homenagem a Arlindo dos Oito Baixos (1942-2013), outro Patrimônio Vivo da sanfona falecido no ano retrasado. Ele também estaria na programação do projeto Acordeom na Noite, realizado no espaço cultural Nosso Quintal, no Prado, sempre nos últimos domingos do mês.
Autodidata, Camarão era professor e formou mais de 150 sanfoneiros, como Cezzinha e Targino Gondim. A última aula foi na terça-feira. A discografia tem 23 LPs e três CDs. Neste ano, seria lançado o primeiro DVD da carreira, gravado em show na Cachaçaria Carvalheira, na Imbiribeira.
Os primeiros passos foram dados na infância, ao tocar escondido com a sanfona do pai músicas famosas da época. Em 1960, começaria a trajetória artística propriamente dita, com o ingresso na Rádio Difusora de Caruaru, onde conviveu com Hermeto Pascoal, entre outros nomes da música. Criou o Trio Nortista, o primeiro conjunto musical dele. Em 1962, foi contratado pela gravadora Mocambo, pela qual estreou com o disco de 78 RPM Arrasta-pé no Jucá.
A técnica à frente da sanfona logo o transformaria em referência musical no Nordeste e no Brasil. Camarão é apontado como criador da primeira banda de forró do país e o pioneiro na introdução de metais nos conjuntos. No currículo, carregou a experiência de ter dirigido a orquestra sanfônica de forró de Caruaru, a primeira do gênero.
A última vez que Mestre Camarão esteve em sua terra natal (Brejo da Madre de Deus) foi na pré-estreia do espetáculo da Paixão de Cristo no Teatro de Nova Jerusalém em Fazenda Nova, no dia 27 de Março desse ano.
DISCOGRAFIA
(2000) Forrofando em Caruaru – independente - CD
(1998) Camarão plays forró – Nimbus/Records - CD
(1986) Camarão e o grupo mandacaru - Polygram/Memória - LP
(1984) Camarão ao molho de forró – Rozenblit/NIF - LP
(1983) Braz, pedacinho do norte – Rozenblit/NIF
(1981) A Bandinha do Camarão - Copacabana - LP
(1980) Casa de festejo - C.I.D/Itamaraty - LP
(1979) Bem ti vi atrevido – C.I.D/Itamaraty - LP
(1978) Na toca do Camarão - C.I.D/ Itamaraty - LP
(1976) Forró no palhoção - Camarão e Seu Acordeom - Tropicana/CBS - LP
(1975) Camarão ao vivo - Rozenblit/Passarela – Compacto Simples
(1974) Retrato de um forró – Rozenblit/A.M.G – LP
(1973) Camarão ao vivo – Rozenblit/passarela - LP
(1972) Com Camarão em todo canto tem forró – Rozenblit/passarela - LP
(1971) Camarão quente no São João– Rosenblit/ A.M.G – LP
(1970) Bandinha do Camarão - RCA Victor - LP
(1970) Los Marines embalo 70 – Continental/Musicolor – LP
(1969) Bandinha do Camarão - RCA Victor - LP
(1967) Nordeste "Cabra da peste" - Participação - Mocambo - LP
(1966) Viva São João - VOL. 4 - Mocambo - LP
(1965) Forró do Zé do Gato - Participação - Mocambo - LP
(1965) Trio Nortista –Rozemblit – LP
(1964) Lá vai brasa – Rozenblit/Mocambo – LP
(1963) Cabra da peste/Fungado bom - Mocambo - 78 rpm
(1962) Arrasta-pé no Jucá/Choradeira - Mocambo - 78 rpm
Do: Blog Agreste Notícia
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