quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

QUE ANISTIA É ESTA? COMPATIBILIZAR A INFINITA DOR DOS MORTOS DESAPARECIDOS COM OS CRIMINOSOS DE LESA-HUMANIDADE

 Com o apoio de entidades defensoras dos direitos humanos, entre as quais o Centro de Direitos Humanos do Ministério Público, Centro de Direitos Humanos de Pernambuco, CUT, Pastoral da Terra, Centro Cultural Manoel Lisboa, realizou-se no dia 29 de novembro o II Encontro do Movimento Memória, Verdade e Justiça do Norte/Nordeste, no Plaza Hotel, Recife, coordenado por Edval Cajá, Roberto Monte e Lenilda Lunar.
 Estiveram presentes vultos históricos, por eles ou seus familiares, como Abelardo da Hora, Francisco Julião, Gregório Bezerra, Agassiz Almeida, Clodomir Morais, Fernando Santa Cruz, Paulo Cavalcanti e Dom Helder Câmara.
 O objetivo principal do Movimento situou-se em definir os rumos da luta, sem jamais desistir, representado por um documento denominado Carta do Recife, e para cuja elaboração participou, entre outros, Edval Cajá, que assim se expressou:
 “Todo o nosso esforço e vigilância é despertar o povo brasileiro no sentido de apontar as atrocidades que certos tipos humanos, à sombra do regime militar, praticaram contra a humanidade”.
 Interveio nos debates Anacleto Julião, que numa ponderada oração acentuou:
 “O Movimento Memória, Verdade e Justiça projeta-se acima das individualidades e para tanto agradeço as referências prestadas ao meu pai Francisco Julião; no entanto, solicito que se retire da “Carta do Recife” o nome do meu genitor”.
 Com a palavra, o escritor e ex-deputado constituinte Agassiz Almeida:
 “Onde estavam as gerações de 60 e 70 do século passado que sacudiram a humanidade para novos caminhos? No Vietnam, Argélia, Cuba, Portugal, Brasil e em todas as partes do mundo, nos ideais daqueles que lutaram por liberdades e democracia para os povos”.
 “Que significado têm estas palavras, companheiros: Memória, Verdade e Justiça?
- Memória, imperativo que os fatos impuseram ontem e que nos cabe transmitir às futuras gerações, destacadamente apontar os crimes monstruosos que ocorreram nos subterrâneos do regime militar. 
- Verdade, dever da nação de identificar os nomes dos que lutaram contra o regime militar e os daqueles tipos sórdidos que praticaram delitos de lesa-humanidade.
- Justiça, palavra que tremula na consciência dos povos e diante da qual os terroristas do Estado e torturadores da ditadura devem ser arrastados às barras dos tribunais.
 Que anistia poderá ocorrer entre a dor infinita dos mortos desaparecidos e covardes assassinos que fogem da verdade? Que anistia para o criminoso, que amparado à sombra do Estado militar, faz do grito de dor do torturado a sua macabra sinfonia? Que enorme farsa quer se impor ao povo brasileiro, com esta anistia embasada num corporativismo caolho!”.
 Este encontro foi concluído com a aprovação por unanimidade da Carta do Recife, documento que irá nortear as ações de todos aqueles que lutam pela revogação da lei da anistia e defendem os direitos humanos.
Por: Agassiz Almeida
Do: Blog Agreste Notícia

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