sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

POLICIAIS ABSOLVIDOS APÓS 25 ANOS: TRIBUNAL DO JÚRI DE SANTA CRUZ DECLARA INSUFICIÊNCIA DE PROVAS

 O Tribunal do Júri da Comarca de Santa Cruz do Capibaribe-PE se reuniu na quarta-feira (19) para julgar os policiais José Lázaro Costa Medeiros e Romério Vitoriano de Vasconcelos, acusados de envolvimento na execução de Edigles Douglas Ferreira Veríssimo, conhecido como "Pêpa", em 13 de junho de 2000. Após longos anos de tramitação processual, a decisão do júri popular foi pela absolvição dos acusados por insuficiência de provas de autoria.

Julgamento e Decisão - Durante os debates, o próprio Ministério Público reconheceu a fragilidade das provas contra os acusados e sustentou a tese de absolvição, na qual foi acompanhado pela defesa. O questionário foi lido em plenário, sem impugnação, e submetido à votação dos jurados, que decidiram, por maioria, absolver os réus. A sentença foi proferida com base no artigo 386 do Código de Processo Penal.


Relembre o Caso - O crime que levou à acusação dos policiais ocorreu na madrugada de 13 de junho de 2000. Seguindo as investigações da época, José Lázaro e Romério teriam, junto a outros três homens, arrombado a residência da vítima, arrastado-a para fora e executado com seis disparos à queima-roupa. O motivo do homicídio teria sido vingança pela morte de um policial militar Edilson Maciel Oliveira, morto em um latrocínio em Agosto de 1997 no Distrito São Domingos no município do Brejo da Madre de Deus, supostamente cometida por Pêpa. Poucas horas depois, seu irmão, Zinaldo da Silva Veríssimo, também foi morto.

 O Blog Agreste Notícia conseguiu recuperar uma reportagem da época, publicada pelo jornal Página Livre, do saudoso Marcondes Moreno, que noticiou os crimes. A matéria destacou a brutalidade das execuções e a dificuldade da polícia em identificar todos os envolvidos. Segundo a reportagem, Edigles Douglas Veríssimo foi retirado de casa e morto na frente de testemunhas, e, horas depois, Zinaldo Veríssimo foi assassinado com 18 tiros no Sítio Maracajá, em Taquaritinga do Norte. O jornal também apontou que as vítimas estavam ligados à morte do policial em 1997.

Controvérsias e Longa Batalha Judicial - O caso se arrastou por décadas com idas e vindas processuais. Em 2011, a Justiça decretou a prisão preventiva de José Lázaro, que permaneceu detido por mais de um ano antes de ser posto em liberdade. Sua defesa sempre alegou falta de provas concretas e criticou a condução do inquérito. Romério Vitoriano, por sua vez, respondeu ao processo em liberdade.

 Desde o início, a principal testemunha do crime, a irmã da vítima, sustentou a participação do policial militar e do agente administrativo da polícia civil, e que os outros envolvidos usavam botas e máscaras, o que dificultou a identificação precisa. O caso teve forte repercussão e foi tema de matérias em jornais locais.

 Em 2019, a defesa dos réus solicitou a despronúncia dos acusados sob a alegação de ausência de provas materiais e de indícios de autoria, mas o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça. No julgamento de ontem, porém, a insuficiência de provas foi finalmente reconhecida pelo Conselho de Sentença.

 Agora, com o trânsito em julgado da decisão, o caso chega ao seu desfecho definitivo no âmbito judicial, pondo fim a um dos processos criminais mais longos e polêmicos da região.

Do: Blog Agreste Notícia

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