Cracolândia, território maldito... - O crack apareceu nos estados no final de 1984 e chegou ao Brasil em 1985. Resultante da sobra ou borra da cocaína, teve a sua disseminação em de forma rápida em nosso país por algumas razões preponderantes, o baixo custo do produto e o público alvo, composto de pessoas carentes, de baixa renda, de pouca instrução e que já vivia do uso de outras drogas (álcool, maconha, etc.) e marginalizados por uma sociedade hipócrita.
O termo cracolândia foi usado incialmente na cidade de São Paulo-SP, para definir o território explorado pela máfia dos traficantes e posteriormente expandido para outros estados e município do nosso país, tendo para isso o descaso, a irresponsabilidade e a conivência do estado, que em algumas situações não cumpriu o seu papel ou se beneficiou com a situação, tanto de forma financeira quanto política.
Esta semana vi no facebook uma postagem da minha amiga e vereadora Narah Leandro, juntamente com o Conselheiro Tutelar Laércio Glicério, batalhadores na defesa por tratamento para os dependentes de drogas, que pediam a participação da sociedade no sentido de ajudar as pessoas envolvidas. Acho louvável a preocupação e o apelo humanitário, no entanto sabemos que a gravidade do assunto não vai ser solucionada de forma tão simples e a responsabilidade maior não é da sociedade, pelo contrário a sociedade é vítima do descaso e desamparo dos governantes, que não tem trabalhado seriamente o problema em nosso município.
Há vários anos é grave essa situação em Santa Cruz do Capibaribe, e vem sendo empurrada pra debaixo do tapete pelas autoridades, a ponto de hoje termos uma área já comumente conhecida e evitada pela população, denominada cracolândia.
Algumas pessoas mencionadas na publicação da amiga Narah, hoje maiores de idade, tiveram sua iniciação nas drogas ainda na infância e adolescência e por conta da irresponsabilidade dos governos não conseguiram tratamento adequado. Atualmente vivem sem perspectiva de vida e outras estão sendo internadas por intervenção do Judiciário ou de defensores interessados pela causa.
Há quanto tempo se fala que o prédio onde funciona de forma muito precária a rodoviária serve a traficantes de drogas, exploração sexual e prostituição? Aí pergunto: cadê a ação dos nossos Deputados, do Poder Executivo Estadual e Municipal e do Legislativo Municipal que ao longo desses anos não conseguiram mudar esse quadro? Onde esta a atuação da Secretaria de Ação Social de várias gestões que não mapearam e cobraram de forma contundente resposta dos governos? E se cobraram por que não denunciam publicamente esses descasos dos governos anteriores e dos que ai estão, tanto a nível federal, quanto estadual e/ou municipal?
Maquiar a situação é a maneira mais eficaz de se fazer política em nosso país. O que se gasta em festas e outros eventos para promoção de políticos e partidos, se bem direcionados, faria uma grande diferença nas mazelas que atingem as classes mais carentes da sociedade. Mas ai pergunto outra vez: dá voto?
Até quando vamos conviver com esse descaso e sempre que se pergunta de quem é a responsabilidade um joga pro outro? Vamos aguardar um posicionamento com urgência dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério Público.
Por: Marcos Antônio
Do: Jornal Agreste Notícia
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