A FARRA DOS SILICONES - No dia 8 deste mês, estive na Câmara de Vereadores da cidade de Santa Cruz do Capibaribe assistindo à sessão em que a Secretária de Saúde do município e o Diretor Médico foram convocados para dar explicações sobre o caso que ficou conhecido como a “farra dos silicones”, porém o que me chamou a atenção não foi nada relativo às explicações dadas pelos convocados e sim por uma descortesia do Vereador Dimas Dantas para com o Diretor Médico (Dr. Geraldo) se não me engano.Eu até entendo que o Vereador gostaria de ver a relação das pessoas beneficiadas, porém a alegação do médico é que o código de ética médico não permite e que terá de ser feito via poder judiciário. Num determinado ponto da arguição a que era submetido, o Diretor clínico se utilizava de uma retórica muito bem elaborada, bem embasada, embora às vezes isso o atrapalhasse um pouco, pois em certo momento era só ele responder que as cirurgias foram de caráter corretivo e não estético e ele citava termos técnicos que para muitos não esclarecia nada e então Dimas já irritado disse que ele não tinha que discursar, pois ele não era político e sim os vereadores.
Pergunto eu: a prerrogativa do bom discurso é privilégio dos políticos? Ninguém pode discursar bem, se não eles? Acredito que não. O Ex-Governador Ronaldo Cunha Lima, que é poeta, enivou uma petição a um juiz para pedir que soltassem um violão que fora apreendido, quando alguns seresteiros estavam tocando, eis a petição:
HABEAS PINHO
Senhor Juiz.
Roberto Pessoa de Sousa
O instrumento do "crime" que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.
Um violão, Doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade.
O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam a vida
E sufocam as suas próprias dores.
O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração.
Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.
Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão
Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno acoite
De suas cordas finas e sonoras.
Liberte o violão, Doutor Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.
E o juiz respondeu da seguinte maneira:
Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.
Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.
Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte á rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.
Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.
Nobre Vereador, eu acho que a prerrogativa do discurso é de quem o domina, independente da função que ocupa. Um certo torneiro mecânico persuadiu trabalhadores, funcionários públicos, empresários, esportistas, artistas, dentre muitos outros e governou este país por oito anos.
O discurso é de quem se apropria dele. A sua causa é justa em esclarecer os fatos, mas deixe o bom discurso fluir, dá até mais plasticidade literária às reuniões da câmara.
Por: Denizio Januário Crítico Literário
Do: Jornal Agreste Notícia


3 comentários:
fico a mim perguntar, sem saber que resposta a mim mesmo da, a leitura que traz o conhecimento, que abre as mais dificeis portas de sabedoria (popular ou cientifica) pra que se possa entender o pouco raciocinio, das postagens deste escritor, que do nada apareceu, que do nada existiu, que do nada evoluiu, que de nada suas palavras motivou...
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CARO LENIZIO JÁ ESCREVI UMA VEZ SOBRE O QUE VC ESCREVE SOBRE POLITICA E AGORA SOBRE QUEM PODE OU TEM DIREITO DE DISCURSAR. QUALQUER PESSOA PODE E ATE DEVE. DESDE QUE FALE A VERDADE. É ATE ACEITAVEL QUE FALE MESMO SEM TER O DOM A ORATORIA. AGORA VOCE MEU CARO NÃO PERCA SEU TEMPO EM ESCREVER ESSAS BOBAGENS. AINDA MAIS MENCIONAR ESSE POLITICO CRIMINOSO RONALDO CUNHA LIMA. VOCE PERDEU UMA BOA OPORTUNIDADE DE FICAR CALAODELAGADO DO. ESCREVE O QUE PRESTA ASSIM NÃO DÁ. PEDE AO DELEGADO REGIONAL UM PLURI E VAI TRABALHAR. DEIXA DE ESCREVER
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