Investigado por participação no estupro de uma fiel, no ano passado, o padre Airton Freire foi preso, na manhã da última sexta-feira, em Arcoverde, após um mandado de prisão preventiva emitido pelo Ministério Público de Buíque, no Sertão de Pernambuco.
Após tomar conhecimento de que a Polícia Civil estava à sua procura, o padre Airton Freire se apresentou de imediato na delegacia de Arcoverde. As acusações contra ele ganharam repercussão no fim de maio, quando uma mulher foi até o Palácio do Campo das Princesas, no Recife, cobrar ao governo a conclusão do caso, que está sendo investigado pela Polícia Civil.
Na denúncia, ela afirma que foi estuprada pelo motorista Jailson Leonardo da Silva a mando do religioso, que, segundo ela, se masturbava durante o abuso. No fim de maio, devido à denúncia, o religioso foi suspenso da Ordem, estando desde esse tempo proibido de dar ou presidir qualquer sacramento publicamente. Em junho, o sacerdote informou a decisão de se afastar da presidência da Fundação Terra, instituição que fundou e presidiu por 37 anos.
O Ministério Público do Estado de Pernambuco emitiu nota informando que tem feito exame criterioso dos elementos de prova até então colhidos e pauta-se pelas normas internas e internacionais inseridas no sistema jurídico pátrio, preocupado principalmente com os direitos humanos e com as medidas necessárias para resguardar e evitar revitimizações das vítimas que buscaram o aparato estatal para relatarem violências sexuais que estão sob investigação.
A adoção de medidas cautelares em procedimentos dessa natureza, especialmente com a elucidação de mais de um caso, na visão do Ministério Público, acolhida pelo Poder Judiciário, mostra-se necessária para garantir a continuidade do trabalho investigativo da Polícia, que está sendo acompanhado pelo MPPE; afastar os riscos de reiteração delitiva; bem como assegurar proteção às vítimas que procuraram o Estado para relatarem fatos criminosos contra suas dignidades sexuais.
A Promotoria de Justiça da Comarca de Buíque acrescenta que, no momento, há cinco inquéritos policiais instaurados, em razão da identificação de outras vítimas.
“Considerando a importância de uma análise célere e substancial de todos os fatos, a Procuradoria-Geral de Justiça designou mais três membros do Ministério Público para atuarem no caso.
No mais, o Ministério Público mantém o acompanhamento das investigações a cargo da Polícia Civil. Por se tratar de inquéritos sigilosos, não serão divulgadas, no momento, mais informações sobre o caso”.
O que diz a defesa? - Através de nota, a defesa do padre se mostrou surpresa sobre a decisão de decretar a prisão preventiva do sacerdote.
“O feito é totalmente contrário às condições previstas em lei e será tratado em habeas corpus a ser impetrado pela defesa. Importante lembrar que o padre, um homem de 67 anos, sofre sérias restrições de saúde.
A decisão ignora que o padre havia se afastado das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolve um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos. Depois do afastamento, ficou isolado em sua residência – que é fixa, onde ele pode ser encontrado a qualquer momento –, de forma a não interferir nas investigações.
Apesar de todo o apoio que tem recebido de milhares de pessoas na internet e em manifestações públicas nas ruas de Arcoverde (PE), o padre jamais estimulou ou insuflou movimentos, de modo a não causar comoção social ou desordem pública. E mais: agiu de boa-fé ao concordar em se apresentar espontaneamente à Justiça após a decretação da prisão, sem criar mecanismos de retardamento do cumprimento da ordem legal”.
Do: Blog Agreste Notícia
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