Se aproximam as eleições
municipais, momento crucial para a mudança na política nacional. Os próximos
dias serão importantes para pensar, refletir e analisar as implicações do
gesto, aparentemente simples de votar, mas que influenciará a vida de toda uma
população nos próximos anos.
As eleições deste ano têm que ser úteis e
resultar em algo importante. Serão renovadas as prefeituras e as câmaras
municipais. Muito poderá ser feito e o Brasil não pode se dar ao luxo de
permitir que seja somente mais uma eleição e outra oportunidade perdida.
Há uma crise que ameaça provocar uma
desconexão da representação política com a sociedade, que pode levar o eleitor
a cumprir o dever de votar como obrigação, não como direito, escolhendo aqueles
menos aptos ao exercício da política e provocando um novo ciclo de renovação
perversa, onde os maus são substituídos pelos piores e assim sucessivamente.
Seria a expressão da desilusão, não somente em
relação aos principais partidos nacionais, em sua incapacidade de fazer política
de alto nível, voltada para os interesses da população, mas também ao
desencanto proporcionado pelos muitos novos partidos e candidatos que se
apresentam com propostas fragmentadas e que não sensibilizam grandes grupos de
eleitores. Atualmente, mesmo aqueles que ambicionam representar a indignação
não se mostram capazes de fazer política se isolando em nichos minúsculos,
pouco representativos e que contribuem decisivamente para a manutenção do
status quo.
A passividade dos cidadãos provém da
desilusão. A cada nova eleição se renovam as expectativas, mas os novos eleitos
em geral, com honrosas exceções, acabam se rendendo às velhas práticas
políticas.
Ao longo dos anos o eleitor tem demonstrado
uma irritação contida que aparenta passividade, mas que revela na verdade um
descrédito generalizado da representação política. A indignação se dispersa nas
redes sociais, ao invés de ser canalizada em manifestações mais concretas.
A impressão que passa é que a política e a
sociedade formam dois mundos distintos e não relacionados entre si, e cada vez
mais distantes um do outro. É preciso evitar que isso aconteça, pois caso
contrário nossa vida cotidiana será prejudicada. E pior ainda, o ceticismo e a
desconfiança disseminados podem servir de caldo de cultura para o surgimento de
fenômenos contrários ao sistema democrático.
Essa é a importância de votar, sem deixar de
refletir muito bem sobre todos os candidatos. O exercício do direito de voto
implica uma decisão racional e individual, que deve levar em conta os interesses
coletivos da população. A eleição municipal, deste ano, coloca em jogo o futuro
do país. É nas eleições municipais que se formam lideranças, que num futuro
próximo ascenderão a postos mais altos dos poderes legislativos e executivos.
Logo, ao exercer seu direito de voto o cidadão deve observar com cuidado a
biografia do candidato e também daqueles que o acompanham – assessores,
técnicos, colaboradores – antes de se decidir pela proposta de programa mais
adequada para o seu município, seu bairro ou região.
Reinaldo Dias/Professor da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em Ciências Sociais, Mestre em
Ciência Política pela Unicamp e especialista em Ciências Ambientais.
Do: Blog Agreste Notícia
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