Um policial do 24º
BPM – Batalhão da Polícia Militar – fez denúncias em tom de desabafo em uma
entrevista concedida ao radialista Jota Lima da Rádio Comunitária Comunidade FM
de Santa Cruz do Capibaribe.
As denúncias estão
relacionadas à falta de condições de trabalho que acabam engessando a PM em sua
função de reprimir e prevenir a violência na Região. A identidade do policial
foi preservada para evitar possíveis retaliações.
No início da sua
fala, o profissional que trabalha há 12 anos na Polícia Militar de Pernambuco
(PMPE), pontuou que sente orgulho de sua função que exerce com satisfação em
defender a sociedade, porém, relatou diversas dificuldades encontradas na
corporação.
“Existem milhares de dificuldades encontradas na corporação, na qual, as mídias estão propagando essa dificuldade entre a Polícia Militar e o Governo, por isso queremos esclarecer alguns detalhes que possam ajudar a população a entender a complexidade de tudo”, justiçou sobre o interesse de tornar público o assunto.
Segundo o denunciante,
são muito poucas as viaturas lançadas na área e esse é um problema estrutural,
de acordo com o policial, que não ocorre apenas na gestão do governador Paulo
Câmara, mas que existe há décadas.
“Agora foi que veio a tona o clamor da corporação para a resolução desses conflitos, haja vista que, entra governo e saí governo e não tem o interesse de gastar muito dinheiro na área de segurança, como ocorrem nas áreas da Educação e Saúde. São muito poucas as viaturas e não tem como elas dar uma propagação maior, uma segurança maior a sociedade”, enfatizou.
Além da falta de
viaturas, outra reclamação é sobre os armamentos fornecidos aos policiais, que
são velhos e ultrapassados, foi o que descreveu o policial militar.
“Os armamentos são velhos, a empresa que administra esses armamentos é a Taurus que não tem muita notoriedade em nosso estado, nos últimos 10 anos estamos percebendo muitas denúncias de armamento com defeitos, tanto pessoais como na corporação, já tivemos vários companheiros que tiveram dificuldade com o armamento. Os armamentos de grosso calibre como fuzis são antigos e emprestados do Exército que cedeu essas armas, pois já não são mais utilizados pela corporação justamente por ser ultrapassadas”, informou.
Ainda de acordo
com a denúncia, os armamentos além de antigos, ainda não têm a manutenção
devida e existem algumas pequenas peças que somente uma pessoa que tenha curso
de armeiro pode desmontar e verificar se elas estão em condições de uso.
“O armamento não tem garantia, o policial vai pra rua sem ter uma garantia total que o armamento tem condições de trabalho, devido ser muito velho, não ter uma manutenção e nem fiscalização dessas peças”.
Sobre as condições
dos rádios transmissores, que é de fundamental importância para a comunicação das
guarnições, ele enfatizou que é muito deficiente e que na verdade nunca funcionaram
como deveriam.
“Os rádios nunca foram bons, há pouco tempo houve doações da iniciativa privada de alguns rádios que o alcance é muito pequeno, então, a Polícia estar tentando ter uma comunicação melhor, porém, o investimento que precisa ser feito é muito alto e o que estão fazendo é um paliativo juntamente com a iniciativa privada...”.
O efetivo da
Polícia Militar é pequeno e as demandas muito alta, mesmo assim, existem os
desvios de funções, onde segundo o policial, vários profissionais fazem
segurança nos presídios e escolta de presos, tanto em hospitais como para audiências,
o que é de competência dos Agentes Penitenciários, além de custódia de presos quando
estão enfermos nos hospitais ou aguardando julgamento.
“Então somente aí no que é de responsabilidade dos Agentes Penitenciários a gente já ver o desvio de função que é considerado crime. Isso não pode acontecer, mas como não temos efetivos na área dos Agentes Penitenciários, colocam a PM para fazer esse papel e desviar o papel dela que é trabalhar de forma ostensiva”, relatou.
Questionado se dentro
do 24º BPM já havia sofrido assédio moral, o PM revelou que sim, acrescentando que
isso aconteceu por várias vezes.
“Várias vezes sofri assédio moral e abuso de autoridade simplesmente pelo fato do profissional ir de encontro à ideologia do militarismo e falar para os nossos superiores as dificuldades que estamos enfrentando, a gente já sofre intimidações e assédio moral. Já sofri somente no mês passado, três vezes assédio moral e intimidações devido termos um código militar que é muito arcaico de 1969”, desabafou.
No final da
entrevista o policial ainda afirmou temer ser preso devido denunciar a
corporação, já que o militarismo não aceita indagações e contradições.
“Eu estou vindo aqui porque não tenho mais nada a perder, o que acontece quando o policial não tem mais nada a perder? Alguns se suicidam e outros são presos, vão fazer coisas erradas, vão cometer abuso de autoridade na rua, vão descontar na sociedade, adoecem, então o meu clamor aqui é por justiça, eu não quero benefício nenhum, eu quero o benefício para nossa classe, então estou aqui clamando, mas já esperando consequências ruins, como perseguições, prisão, pois não aguento mais, ou eu falo ou me suicido”, concluiu.
Ouça a entrevista:
Do: Blog Agreste Notícia
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